domingo, 29 de abril de 2012

Tabagismo e Terapia Comportamental

Ultimamente, as pessoas têm reconhecido os malefícios que o cigarro pode causar em suas vidas. Embora mostrem conhecer a total dimensão do comportamento de fumar, como as inúmeras doenças físicas e biológicas que estão associadas ao uso do tabaco, muitas ainda desconhecem a função que o comportamento de fumar assume em suas vidas.

Estudos epidemiológicos (que estuda a relação causa-efeito) têm apontado para uma associação entre o tabagismo e transtornos psicológicos, incluindo principalmente a depressão e ansiedade. Ao fazer uso do cigarro, os fumantes podem ter a sensação que o cigarro é uma fonte de prazer ou uma forma de controlar alguns comportamentos como fome, timidez ou estados de pressão no trabalho, por exemplo. Assim, quando fazem uso do cigarro costumam relatar que se sentem mais calmos e confiantes o que pode aumentar a frequência do comportamento de fumar.

Vale ressaltar que a compreensão dessas associações é fundamental para o tratamento, pois quando o uso do cigarro é interrompido, esses contextos são desencadeadores do “desejo” de consumir o cigarro. Por isso é muito importante compreender o que leva uma pessoa ao comportamento de fumar e também o que mantém esse comportamento. Ou seja, o mais importante não é compreender que uma pessoa fuma porque está ansiosa ou porque está sob pressão; e sim compreender o que causa esses comportamentos  e cuidar a partir da raiz do problema.

Tratamento

Em primeiro lugar o tabagismo não deve ser visto somente como uma dependência química, mas deve ser compreendido como um comportamento que é influenciado principalmente pelo contexto do próprio indivíduo. Isto pode ser evidenciado quando observamos que em determinados contextos e situações, a freqüência do consumo do cigarro é maior que em outros. Posto isso, na realização do tratamento, deve-se considerar todos os fatores que influenciam no consumo do cigarro. 



Para tanto, primeiramente, deve-se buscar uma análise detalhada do padrão de consumo do indivíduo, como, as situações que mais fuma, os horários, atividades associadas, sentimentos presentes ao consumo, dentre outros. Além disso, deve ser procurar investigar a presença de outros fumantes no seu ciclo social, pois a convivência com outros fumantes durante o início do tratamento pode dificultar no trabalho a ser realizado.

Também é importante estabelecer metas dentro do tratamento. Alguns cuidados deverão ser tomados, pois as circunstâncias as quais os indivíduos estão inseridos podem dificultar ou facilitar no tratamento. Por exemplo, períodos de muito estresse psicológico, sobrecargas de trabalho, horas contínuas de estudo, morte de parentes próximos, dificuldades nos relacionamentos amorosos e sociais, podem aumentar a ansiedade na vida do indivíduo e conseqüentemente a taxa de consumo do cigarro. Por outro lado, um planejamento detalhado, com metas bem estabelecidas de curto, médio e longo prazo, pode facilitar no tratamento, pois poderá diminuir a frustração e a ansiedade por uma mudança de acordo com o ritmo de cada pessoa.

Outra etapa é desenvolver comportamentos de enfrentamentos, ou seja, preparar os fumantes para enfrentarem situações, nas quais, podem se sentir mais ansiosos por não consumir cigarros. Isto também será fundamental para prevenir recaídas, fazendo necessário levantar as situações e os contextos nos quais os indivíduos sentem mais vontade de fumar. Deve-se trabalhar também, com atividades concorrentes ao uso do cigarro, dificultando assim o seu consumo. Como o engajamento em alguma atividade física, ou o monitoramento dos horários que os indivíduos poderão fazer uso do cigarro, assim ele deverá escolher entre duas atividades prazerosas para ele, como brincar com a filha ou sair para fumar.

A retirada gradual é a melhor maneira de se iniciar um trabalho com os fumantes, pois à medida que a pessoa vai parando, esta vai se engajando em novas atividades. Além disso, a diminuição gradual facilita na adaptação do organismo, abaixando as taxas de nicotina no organismo de forma mais suave. Para tanto, pode-se iniciar o tratamento restringindo os lugares que o indivíduo poderá fumar, os horários e aumentando gradativamente esses intervalos.
Deixar de fumar pode se constituir como uma tarefa difícil de ser realizada, por isso a busca por tratamento especializado pode facilitar e tornar a tentativa eficaz. Quando mais tentativas o fumante de engajar para romper com o consumo do cigarro, mais difícil pode-se tornar para ele conseguir parar. Assim, vale ressaltar também a necessidade de se estabelecer metas a serem alcançadas de forma que o próprio tratamento não acabe sendo mais um fator desmotivador.

Fonte: Elidio Almeida