quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Quem usa adesivo ou remédio tem mais chance de parar de fumar, diz estudo


A taxa de sucesso dos que usam adesivo ou remédios para parar de fumar é muito maior do que a dos que tentam se livrar do cigarro sozinhos, afirma uma nova pesquisa publicada na revista especializada "Addiction".

Estudos anteriores mostravam dados conflitantes sobre a eficácia desse tipo de auxílio. Os "patches" e os remédios pareciam funcionar só em testes clínicos --na "vida real", o sucesso deles era muito baixo.

Mas o novo trabalho descobriu que alguns tratamentos aumentam em até seis vezes a taxa de sucesso da cessação do fumo.

"Fumantes no Reino Unido, Canadá, na Austrália e nos Estados Unidos têm mais chance de parar quando usam remédios ou adesivos", escreveu Karin Kasza, especialista em estatística do Instituto de Câncer Roswell Park, em Nova York, e líder do estudo.
Kasza e sua equipe entrevistaram mais de 7.400 fumantes nesses países a respeito de suas tentativas de parar de fumar.

Os participantes foram acompanhados para ver quantos conseguiam ficar sem cigarro por ao menos seis meses. Cerca de 2.200 deles usaram remédios receitados por médicos ou adesivos de nicotina. Os demais não usaram nada, só força de vontade.
Entre os que não usaram nada para parar, 5% conseguiram ficar sem cigarro por seis meses.

No grupo de usuários de adesivos de nicotina, 18% pararam por ao menos seis meses; entre os que tomaram o antidepressivo bupropiona, 15% pararam e, entre os usuários de vareniclina (Champix), 19% pararam por seis meses.

Depois de levar em conta fatores que influenciam a taxa de sucesso da cessação, como por quantos anos a pessoa havia fumado e quantos cigarros ela fumava por dia, os pesquisadores determinaram que a bupropiona e o adesivo aumentam em quatro vezes a taxa de sucesso dos que param de fumar em relação aos que não usam nada.
A vareniclina aumenta em seis vezes a chance de parar de fumar.

Entre os usuários de chiclete de nicotina, 8% ficaram sem fumar por seis meses ao menos.
Segundo o estudo, em geral, os fumantes que tentam largar o vício sem ajuda são mais jovens, têm menor renda, são menos dependentes da nicotina e têm maior confiança em sua habilidade de parar de fumar do que os fumantes que usam medicamentos.
A pesquisa, no entanto, não prova que os remédios e a reposição de nicotina são os responsáveis pela maior taxa de cessação do fumo, mas que quem usa esses auxílios tem mais chance de parar.

"A triste realidade é que, mesmo quando as pessoas usam esses medicamentos para parar, a recaída ainda acontece na maioria dos casos. É melhor do que nada, mas não é uma bala de prata", diz a pesquisadora.

Fonte: Folha de São Paulo

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Uso precoce de maconha piora a memória, diz estudo


Adultos que se tornam dependentes de maconha antes dos 18 anos tiveram resultados piores em testes de memória e inteligência do que não usuários, indica um estudo que acompanhou cerca de mil neozelandeses do nascimento até os 38 anos.

Durante esse tempo, os participantes da pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Duke (EUA) e do King's College de Londres, foram submetidos a entrevistas periódicas, para dizer se estavam usando maconha e com que frequência, e a testes de QI (coeficiente de inteligência) e outros exames de memória, raciocínio, processamento visual, entre outros.

Segundo Terrie Moffitt, professora de psicologia e neurociência do King's College, a longa duração do estudo dá segurança para afirmar o risco trazido pela maconha para jovens e a relativa segurança de uso com início na idade adulta.


Antes dos 18 anos, o cérebro ainda está sendo remodelado para se tornar mais eficiente, por isso é mais vulnerável aos danos causados por drogas, diz a cientista.

Os usuários de maconha que já estavam dependentes aos 18 anos tiveram um declínio médio do QI (coeficiente de inteligência) de oito pontos entre os 13 e os 38 anos de idade. Uma pessoa normal marca cem pontos em teste de QI. Entre os não usuários, não houve declínio.

"Os participantes que não usaram maconha até chegarem à idade adulta e terem o cérebro completamente formado não tiveram esse declínio mental", diz Moffitt.


Foram levados em conta fatores como uso de álcool e de outras drogas e a escolaridade. Segundo Madeleine Meier, pesquisadora da Duke e também responsável pelo trabalho, a variável que fez a diferença foi o ponto de início do uso da maconha.

"A maconha não é inofensiva, especialmente para adolescentes. Uma pessoa que perde oito pontos de QI pode ficar em desvantagem depois." Números mais altos de QI são associados a maior renda e vida mais longa.

Segundo o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, divulgado no início deste mês, dos 8 milhões de brasileiros que já usaram maconha, 62% o fizeram pela primeira vez antes de completar 18 anos e 37% (1,5 milhão) são dependentes da droga.


O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, professor livre-docente da Unifesp e especialista em dependência química, destaca a metodologia cuidadosa do novo estudo, que dá mais força a achados anteriores mostrando a maior vulnerabilidade dos adolescentes à maconha.

"Nos adultos, as alterações neurocognitivas foram pequenas e reversíveis. Nos adolescentes, essas mudanças são mais detectáveis."

A reversão dos efeitos nocivos da maconha foi menor para quem começou a usar mais cedo e depois parou, mas, segundo Silveira, isso não deve servir para desencorajar o fim do vício. "Vale a pena parar. Sempre melhora um pouco."

O psiquiatra destaca que o declínio cognitivo, mesmo nos piores casos, foi pequeno, e que o efeito da maconha não é pior do que o causado pelo álcool, por exemplo.

Fonte: Folha de São Paulo


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Brasil gasta R$ 21 bi para tratar doença relacionada ao tabaco


O Brasil gastou 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2011 para tratar doenças relacionadas ao tabaco, conforme levantamento feito pela ONG ACT (Aliança do Controle do Tabagismo). Os gastos somaram quase R$ 21 bilhões no ano passado. O Dia Nacional de Combate ao Fumo é lembrado hoje (29) em todo o país.

De acordo com os dados da ACT, 82% dos casos de câncer de pulmão no país são causados pelo fumo. Outros problemas de saúde também são provocados pelo cigarro: 83% dos casos de câncer de laringe estão relacionados ao tabagismo, 13% dos casos de câncer do colo do útero e 17% dos casos de leucemia mieloide.

No Distrito Federal, por exemplo, a arrecadação, em média, é R$ 6,2 milhões mensais com a venda de cigarros (o valor corresponde a 25% do preço por maço). Por outro lado, o governo local gasta R$ 18 milhões por mês com o tratamento de doenças vinculadas ao fumo, segundo o pneumologista e coordenador do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Celso Rodrigues.

Para o médico, os números mostram o impacto do vício na saúde. De acordo com Rodrigues, o tabagismo cria dependência química, física e psicológica, o que influencia no tratamento. "É muito importante que a pessoa entenda a relação dela com o cigarro. Ela tem que entender por que fuma, por que deseja parar de fumar e onde está a dificuldade, por que não parou até agora", explica.

A secretaria oferece terapia em grupo, durante um ano e três meses, em 62 unidades de saúde e em 47 empresas habilitadas a atender funcionários interessados em parar de fumar. Ações de prevenção e promoção de saúde também são promovidas em escolas.
Em média, 500 fumantes iniciam o tratamento nas unidades de saúde a cada mês. Cerca de 400 pacientes conseguem deixar o fumo, sendo que 200 têm recaídas durante a terapia --quando os pacientes são orientados a buscar a secretaria novamente caso voltem a fumar.

O cigarro vicia porque o principal componente --a nicotina-- faz com que o cérebro libere dopamina, hormônio que dá uma sensação agradável. O organismo do fumante passa a pedir doses maiores de nicotina para que a sensação se repita e a pessoa sente necessidade de fumar cada vez mais.

Os males causados pelo fumo não são apenas relacionados ao sistema respiratório. Segundo Mônica Andreis, vice-diretora da ACT, as pessoas ligam o cigarro somente ao câncer de pulmão. "Ele também causa câncer de bexiga, boca, língua, faringe, problemas de fertilidade e derrame cerebral."

Fonte: Folha de São Paulo

domingo, 29 de abril de 2012

Tabagismo e Terapia Comportamental

Ultimamente, as pessoas têm reconhecido os malefícios que o cigarro pode causar em suas vidas. Embora mostrem conhecer a total dimensão do comportamento de fumar, como as inúmeras doenças físicas e biológicas que estão associadas ao uso do tabaco, muitas ainda desconhecem a função que o comportamento de fumar assume em suas vidas.

Estudos epidemiológicos (que estuda a relação causa-efeito) têm apontado para uma associação entre o tabagismo e transtornos psicológicos, incluindo principalmente a depressão e ansiedade. Ao fazer uso do cigarro, os fumantes podem ter a sensação que o cigarro é uma fonte de prazer ou uma forma de controlar alguns comportamentos como fome, timidez ou estados de pressão no trabalho, por exemplo. Assim, quando fazem uso do cigarro costumam relatar que se sentem mais calmos e confiantes o que pode aumentar a frequência do comportamento de fumar.

Vale ressaltar que a compreensão dessas associações é fundamental para o tratamento, pois quando o uso do cigarro é interrompido, esses contextos são desencadeadores do “desejo” de consumir o cigarro. Por isso é muito importante compreender o que leva uma pessoa ao comportamento de fumar e também o que mantém esse comportamento. Ou seja, o mais importante não é compreender que uma pessoa fuma porque está ansiosa ou porque está sob pressão; e sim compreender o que causa esses comportamentos  e cuidar a partir da raiz do problema.

Tratamento

Em primeiro lugar o tabagismo não deve ser visto somente como uma dependência química, mas deve ser compreendido como um comportamento que é influenciado principalmente pelo contexto do próprio indivíduo. Isto pode ser evidenciado quando observamos que em determinados contextos e situações, a freqüência do consumo do cigarro é maior que em outros. Posto isso, na realização do tratamento, deve-se considerar todos os fatores que influenciam no consumo do cigarro. 



Para tanto, primeiramente, deve-se buscar uma análise detalhada do padrão de consumo do indivíduo, como, as situações que mais fuma, os horários, atividades associadas, sentimentos presentes ao consumo, dentre outros. Além disso, deve ser procurar investigar a presença de outros fumantes no seu ciclo social, pois a convivência com outros fumantes durante o início do tratamento pode dificultar no trabalho a ser realizado.

Também é importante estabelecer metas dentro do tratamento. Alguns cuidados deverão ser tomados, pois as circunstâncias as quais os indivíduos estão inseridos podem dificultar ou facilitar no tratamento. Por exemplo, períodos de muito estresse psicológico, sobrecargas de trabalho, horas contínuas de estudo, morte de parentes próximos, dificuldades nos relacionamentos amorosos e sociais, podem aumentar a ansiedade na vida do indivíduo e conseqüentemente a taxa de consumo do cigarro. Por outro lado, um planejamento detalhado, com metas bem estabelecidas de curto, médio e longo prazo, pode facilitar no tratamento, pois poderá diminuir a frustração e a ansiedade por uma mudança de acordo com o ritmo de cada pessoa.

Outra etapa é desenvolver comportamentos de enfrentamentos, ou seja, preparar os fumantes para enfrentarem situações, nas quais, podem se sentir mais ansiosos por não consumir cigarros. Isto também será fundamental para prevenir recaídas, fazendo necessário levantar as situações e os contextos nos quais os indivíduos sentem mais vontade de fumar. Deve-se trabalhar também, com atividades concorrentes ao uso do cigarro, dificultando assim o seu consumo. Como o engajamento em alguma atividade física, ou o monitoramento dos horários que os indivíduos poderão fazer uso do cigarro, assim ele deverá escolher entre duas atividades prazerosas para ele, como brincar com a filha ou sair para fumar.

A retirada gradual é a melhor maneira de se iniciar um trabalho com os fumantes, pois à medida que a pessoa vai parando, esta vai se engajando em novas atividades. Além disso, a diminuição gradual facilita na adaptação do organismo, abaixando as taxas de nicotina no organismo de forma mais suave. Para tanto, pode-se iniciar o tratamento restringindo os lugares que o indivíduo poderá fumar, os horários e aumentando gradativamente esses intervalos.
Deixar de fumar pode se constituir como uma tarefa difícil de ser realizada, por isso a busca por tratamento especializado pode facilitar e tornar a tentativa eficaz. Quando mais tentativas o fumante de engajar para romper com o consumo do cigarro, mais difícil pode-se tornar para ele conseguir parar. Assim, vale ressaltar também a necessidade de se estabelecer metas a serem alcançadas de forma que o próprio tratamento não acabe sendo mais um fator desmotivador.

Fonte: Elidio Almeida