quarta-feira, 15 de julho de 2009

Fumantes têm até 25 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão

Apesar de os avanços médicos oferecerem alternativas cada vez mais eficazes para a cura ou para o controle do câncer, o diagnóstico da doença equivale, para a maioria das pessoas, a uma sentença de morte. Só durante o ano 2000, por exemplo, mais de 100 mil pessoas morreram de câncer no Brasil.

Causas

O conhecimento científico desvendou muitos mecanismos moleculares ligados ao aparecimento e ao desenvolvimento do câncer, à sua capacidade de invadir ou de se espalhar pelo corpo. Infelizmente, ainda hoje é muito difícil determinar, para cada paciente, qual seria o exato fator desencadeante da doença. O câncer é causado por muitos fatores externos (substâncias químicas, radiação, vírus) ou internos (hormônios, alterações imunológicas, mutações hereditárias).

No século 18, os médicos ingleses relataram o papel da fumaça sobre a incidência de câncer de bolsa escrotal em limpadores de chaminés; mas só em meados do século 20 se demonstrou o papel determinante do tabaco sobre a incidência do câncer de pulmão. De lá para cá, várias outras causas foram descritas. Vale ressaltar que é muito difícil provar a relação causal direta de um fator ambiental no aparecimento de um câncer em certos indivíduos - as provas biológicas são raras.

O fato de uma substância qualquer produzir câncer num animal (rato, por exemplo) não quer dizer necessariamente que ela produzirá o mesmo câncer no homem. Em geral, as evidências se baseiam em estudos epidemiológicos extensos, longos, de difícil condução, com pessoas que se apresentam como voluntárias para seguir um esquema rigoroso de comportamento (dieta, exercício etc.) durante muitos anos, a fim de que cientistas possam estabelecer alguma correlação com o aparecimento da doença.

Esses estudos são demorados, custosos e sujeitos às variações geográficas ligadas aos comportamentos costumeiros, ou à presença de recursos humanos e financeiros. Mais ainda: uma vez estabelecida ou pelo menos suspeitada a causa, resta convencer a sociedade, os especialistas e os formadores de opinião. Um exemplo foi o excessivo retardo entre a descrição do vínculo do cigarro com câncer de pulmão década de 60) e o início do engajamento da sociedade em ações e leis que ajudassem a reduzir o consumo do tabaco.

Modo de vida e alimentação

Hábitos cotidianos podem influenciar a probabilidade de uma pessoa desenvolver tumor maligno. A relação entre fumo e câncer é indubitável, apesar do esforço das indústrias de tabaco para encobrir as evidências. O cigarro e os outros produtos derivados do tabaco são a causa de cerca de 30% de todos os cânceres: 400 mil casos nos Estados Unidos e 90 mil no Brasil, somente no ano 2000, todos evitáveis.

A maioria dos pacientes com câncer de pulmão (87% a 94%) é de fumantes ou ex-fumantes, e 2% são fumantes passivos (isto é, têm contato intenso e prolongado com fumantes, apesar de pessoalmente não fazerem uso de tabaco). A incidência de câncer de pulmão se correlaciona diretamente com a intensidade do ato de fumar: um fumante de dez cigarros por dia tem oito vezes mais probabilidade de desenvolver câncer de pulmão que um não-fumante; e fumantes de um maço por dia (20 cigarros) têm 25 vezes mais probabilidade. Da mesma forma, as pessoas que deixam de fumar apresentam um padrão decrescente de risco de câncer com o passar dos anos, chegando perto do padrão de não-fumantes após oito a dez anos de abstinência do tabaco.

Há 20 anos, pesquisadores apontaram a relação direta entre algumas dietas e hábitos alimentares e a incidência de tipos específicos de câncer. Hoje, estima-se que 35% de todos os tumores malignos se relacionam à alimentação e, portanto, podem ser evitados. O câncer de estômago tem incidência exageradamente elevada em algumas regiões do mundo (Japão, China), enquanto o câncer de intestino prevalece em outras (Estados Unidos). Curiosamente, quando os japoneses emigram para os Estados Unidos, a incidência de câncer de estômago se reduz muitíssimo, e a de câncer de intestino aumenta de maneira progressiva.

Estudos comprovaram que a mudança de hábito alimentar, da comida japonesa para a dieta ocidental americana, determinou claramente o tipo de câncer que ocorreu nessa população migrante. Ficou demonstrada a possibilidade de influenciar o desenvolvimento de câncer por meio de mudanças de atitude. Muitos fatores relacionados ao modo de vida e à dieta das pessoas podem ter correlação com o desenvolvimento de um câncer.

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