domingo, 19 de outubro de 2008

Adeus, cigarro: é hora de pensar na saúde!


Coração mais forte

"Quem vê cara não vê coração", diz o ditado popular, totalmente verdadeiro no caso do cigarro. A maioria dos fumantes não imagina que as conseqüências do fumo sobre o aparelho circulatório são devastadoras. Ao dar uma tragada, há um imediato aumento dos batimentos cardíacos, elevação da pressão arterial e constrição dos vasos, o que obriga o coração a exercer maior esforço para bombear o sangue. Com o tempo, eleva-se a probabilidade de desenvolvimento de doenças coronarianas, como angina, infarto, derrame, espasmo, arritmia cardíaca e morte súbita. Não é demais lembrar que quase todas as pessoas com até 35 anos que sofrem infarto são fumantes.

"A quantidade de cigarros consumidos e os anos que a pessoa levou fumando vão determinar a freqüência e a extensão desses males", explica o Dr. Marcos Fábio Lion, cardiologista, fundador e ex-presidente da Sociedade Paulista de Cardiologia. "E o risco de desenvolvimento de uma doença cardiovascular em fumantes é igual para homens ou mulheres, mas se agrava na mulher quando ela toma anticoncepcionais", alerta o Dr. Lion.

Quando se pára de fumar, o risco de infarto decresce rapidamente nos primeiros cinco anos, caindo 50% logo no primeiro ano. Para quem consumia menos de 20 cigarros diários, a chance de infarto se iguala às de não-fumantes no final de 10 anos. Porém, para os fumantes de mais de 20 cigarros por dia, serão necessários 15 anos de abandono do vício para ter as mesmas chances de uma pessoa que nunca fumou.

Menor risco de doenças graves

Quem não gostaria de ganhar longevidade com boa saúde?

Abandonar o cigarro é um grande passo para evitar doenças relacionadas ao tabagismo, tais como câncer (da boca, da faringe, da laringe, do esôfago, do pâncreas, do estômago, do rim e da bexiga), derrame cerebral (acidente vascular), úlcera péptica (no estômago e no duodeno), osteoporose e gangrena da perna (trombangeíte obliterante). Em mulheres, ocorrem ainda muitos casos de câncer do colo do útero.

De um modo geral, pode-se afirmar que o cigarro ocasiona grande número de óbitos pelas doenças tabaco-associadas diretas e por mais de uma dezena de outras moléstias que surgem de forma indireta. Ou seja, o tabagismo diminui a expectativa de vida, e o risco de morrer cresce na razão inversa da idade em que se começou a fumar, sendo proporcional à quantidade de cigarros fumados.

E mais, as conquistas da medicina e de melhores condições sociais, que visam ao aumento da vida média, estão sendo de certo modo anuladas pelo tabagismo.

Mais saúde para os filhos

A saúde de seus filhos pode estar em suas mãos. Pesquisas comprovam que filhos de pais fumantes têm a mesma chance de desenvolvimento das doenças relacionadas ao tabaco. Em gestantes, as substâncias tóxicas do cigarro passam do pulmão para o sangue e daí para a placenta, lesando-a, e vão parar no feto. Há então maior risco de descolamento da placenta e de aborto, e para o bebê, que recebe menos oxigênio, a possibilidade de nascer com peso inferior ao normal. Muitos filhos de mães fumantes também nascem com defeitos congênitos (lábios leporinos, estrabismo) e podem ter morte súbita. Além disso, as crianças correm risco de nascer com defasagem de QI para habilidades gerais, compreensão da matemática e da leitura.

Pele bonita e viçosa por mais tempo

Se você sonha com isso, abandone já o cigarro. A oxigenação dos tecidos é prejudicada pela nicotina, um dos muitos venenos presentes no cigarro (são mais de 4 mil substâncias tóxicas, entre as quais, quarenta cancerígenas). Como conseqüência, é acelarada a destruição do colágeno, fibra que dá sustentação à pele e o resultado é a flacidez e a formação precoce de rugas. Além disso, o cigarro rouba a vitamina C do organismo ajudando na formação dos radicais livres, moléculas de oxigênio que "enferrujam" as células e, entre outros males, são responsáveis pelo envelhecimento do corpo.


Redescoberta dos prazeresdo paladar e do olfato

Um cigarro antes do jantar, um outro enquanto espera a sobremesa e mais um após o cafezinho. Será que você notou como estava saboroso aquele assado ou sentiu o delicioso aroma de frutas daquela torta? O fumo e a alta temperatura da fumaça alteram o funcionamento das papilas gustativas e o mecanismo do olfato, diminuindo a capacidade de distinguir cheiros e sabores. Saiba que 48 horas após o abandono do cigarro já dá para sentir mais prazer à mesa.

Boa forma física e mental

Muitos fumantes, por medo ou como desculpa, alegam que vão engordar se pararem de fumar. Na verdade, a chance de engordar existe, principalmente para as pessoas de vida sedentária, mas nem todos aumentam de peso depois que abandonam o cigarro. Os médicos costumam aconselhar a ex-tabagistas que façam exercícios de duração prolongada, mas de baixa intensidade, depois, é claro, de um exame das condições do coração. O mais indicado é a caminhada de 40 minutos a uma hora, ou, para os mais resistentes, natação, hidroginástica, bicicleta e até aeróbica de baixo impacto. Também é oportuno consumir mais líquidos, frutas, verduras e legumes, principalmente os ricos em vitaminas A, C e E, que ajudam o organismo a neutralizar o perigo das substâncias tóxicas deixadas pelo fumo e, de quebra, seguram os ponteiros da balança. Todo esse esforço ajuda a manter a boa forma física e mental, afastando o fantasma do estresse.

Recuperação do fôlego

Que o cigarro diminui a capacidade respiratória é fato bastante conhecido. O que poucos sabem é que esse problema pode ser revertido: com apenas 8 horas sem fumar a quantidade de monóxido e dióxido de carbono presentes na corrente sangüínea cai a níveis normais e o volume de oxigênio sobe proporcionalmente. Resultado: em cerca de 48 horas, um ex-fumante já terá mais facilidade para caminhar e em três meses poderá subir dois lances de escada sem ficar ofegante.

Mas os traumas provocados pelo tabaco no pulmão podem ser irreversíveis. A fumaça do cigarro leva para o interior do pulmão substâncias altamente tóxicas como butano (combustível de isqueiro), benzeno (solvente químico), metropeno (inseticida), amônia (produto de limpeza), polônio 210 (lixo nuclear) e cetona (removedor de esmalte). São mais de 4 mil substâncias, 40 das quais comprovadamente cancerígenas, que lesam as células e podem conduzir a várias doenças, como o grave e fatal enfisema pulmonar. E a capacidade funcional das vias aéreas diminui rapidamente – jovens com idades entre 18 e 20 que se tornaram fumantes com 14 anos já têm capacidade pulmonar equivalente à de um adulto na faixa dos 30 anos (a vitalidade do pulmão vai diminuindo com o tempo).

Em pessoas saudáveis, o volume de ar que o pulmão expira cai cerca de 25 ml por ano. Nas pessoas que fumam um mínimo de 10 cigarros por dia, esse volume cai 50 ml ao ano e se consomem um maço, sobe a 100 ml a perda anual.

Com capacidade funcional diminuída, os fumantes têm pulmão mais vulnerável a infecções e portanto estão sujeitos a mais resfriados, gripes, bronquites, pneumonias e até tuberculose. Não rendem bem no trabalho, tiram licenças médicas freqüentes e acabam aposentando-se precocemente.

Zonas de perigo

Em seu caminho pelo cropo,a fumaça tragada carrega consigo 4.720 substâncias tóxicas que vão produzir estragos na saúde muitas vezes irreparáveis. Em média, numa simples tragada uma pessoa inala de 2.000 a 2.500 delas. Na verdade, muitas das substãncias relacionadas ao tabaco e que prejudicam o organismo nem sequer existem no cigarro: são formadas através de enzimas no próprio corpo, como as várias responsáveis pelo desenvolvimento de muitos tipos de câncer.

A fumaça do cigarro aspirada pelo fumante é o composto que contém o maior número de substãncias tóxicas de que se tem notícia no mundo até hoje, segundo especialistas. Só o alcatrão reúne mais de 100 substâncias, que variam de acordo com o tipo de tabaco, a qualidade do cigarro, a maneira de fumar, entre outros aspectos. Porém, a grande vilã dessa história, responsável pelo vício, é a nicotina. Essa substância atua diretamente sobre o sistema nervoso central, provocando mais dependência física do que a cocaína ou a heroína, de acordo com estudos científicos.

Atualmente, a medicina tem catalogadas mais de vinte doenças que estatisticamente incidem em maior proporção em fumantes. Saiba exatamente quais as partes do corpo mais prejudicadas pelo cigarro:

Cérebro - A nicotina chega ao cérebro em sete segundos e se liga aos receptores das células, interferindo na transmissão de impulsos nervosos, o que provoca excitação do sistema nervoso.

Boca
- O calor da fumaça e o alcatrão atacam as mucosas da boca, tornando-a propensa ao câncer. Pesquisas comprovam que 92% dos tumores da cavidade oral estão diretamente relacionados ao fumo.

Laringe - esta região fica diretamente exposta a partículas e gases da fumaça do tabaco, portanto, com grande chance de desenvolvimento de câncer.

Esôfago - O fumo é responsável por cerca de 75% dos casos de câncer que surgem neste órgão, pois a região também sofre os efeitos diretos da fumaça.

Pulmão - O tabagismo é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão, um dos que mais mata no Brasil. O pulmão de um fumante absorve por tragada 400 ppm (partes por milhão) de monóxido de carbono, o que danifica seus tecidos e possibilita o surgimento de várias doenças como o enfisema pulmonar.

Brônquios - Muitos fumantes desenvolvem bronquite devido a substâncias contidas no cigarro, que irritam a mucosa brônquica. Com isso, diminuem as áreas onde ocorre a troca de oxigênio e a respiração torna-se difícil.

Alvéolos - Substâncias tóxicas do cigarro destroem as paredes dos alvéolos, provocando o enfisema pulmonar, isto é, diminuição da capacidade respiratória.

Coração - A nicotina provoca constrição dos vasos sanguíneos, aumenta a pressão arterial e põe em risco o sistema cardiovascular. E o cigarro é responsável por 25% dos casos de infarto do miocárdio.

Sangue - O monóxido de carbono (CO) proveniente da fumaça do cigarro associa-se à hemoglobina (componente do sangue) formando um composto denominado carboxihemoglobina, que diminui a oxigenação dos tecidos de todo o corpo. Uma das consequências disso é o envelhecimento precoce da pelo.

Bexiga - Este órgão também é receptor de alcatrão e,outras substâncias cancerígenas do tabaco. O fumo é responsável por 45% dos casos de câncer neste região.

Como parar de fumar

Até o momento, não foi descoberta uma receita miraculosa para vencer a dependência do cigarro. Entretanto, os médicos costumam dizer uma frase que soa como mágica: "Se milhares de pessoas conseguiram parar de fumar, você também é capaz!" Todo fumante sabe, porém, que a luta não é fácil, e o que funcionou para alguns pode não ter o mesmo efeito em outros, mas o importante é tentar.

"Com a ajuda de um médico fica mais fácil", orienta o Dr. Lion. "O importante é que o fumante esteja decidido a parar com o vício, entenda a necessidade de abandonar o cigarro e o faça de forma consciente. As técnicas e métodos que prometem o fim do cigarro são apenas recursos que podem ser pouco ou muito úteis nessa batalha completa".

Quando a dependência da nicotina é alta, sua ausência provoca sintomas físicos como dor de cabeça, enjôo, ânsia de vômito, ansiedade e irritação. Para evitar que o viciado corra ao cigarro, existem produtos que oferecem pequenas doses de nicotina, livres de outros ingredientes tóxicos do tabaco. São adesivos, chicletes e sprays nasais, que devem ser utilizados sob estrita orientação médica.

Outros recursos são os medicamentos, à base de nitrato de prata, sulfato de cobre, permanganato de potássio e acetato de prata, que interagem com a fumaça do tabaco e produzem um gosto bastante desagradável na boca. São encontrados sob a forma de gomas de mascar ou líquidos para bochechos.

Tanto estes métodos quanto outros alternativos como laser, hipnose, acupuntura, programação neurolinguística e associações de fumantes anônimos podem ser grandes auxiliares na luta contra a dependência da nicotina, se a pessoa estiver mesmo disposta a parar de fumar.

Para quem já parou de fumar, um aviso essencial: uma simples tragadinha pode acabar com o esforço e abstinência de anos. A explicação para isso, segundo os médicos, é que a nicotina, de alguma forma ainda não compreendida pela medicina, abre certas "portas" no sistema nervoso, que ficam escancaradas para sempre. Um pouco de droga que volte a passar por elas e a dependência se reinstala.

Fonte: impacto.org

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