sexta-feira, 17 de outubro de 2008

TUDO sobre a MACONHA

Legalização da maconha: uma bobagem fora de hora

por Fernando Souza Filho

07 de junho de 1999

Em julho de 95, A Rock Brigade debateu a legalização da maconha, que estava em voga na época por causa de projetos de lei no congresso e por causa da campanha pró-droga do Planet Hemp. Quase cinco anos depois, o assunto volta ao centro do debate por causa dos mesmos motivos.

É um assunto delicado, que envolve posições apaixonadas e, muitas vezes, desinformadas sobre o assunto. Porém, é preciso debater com toda a sociedade, pois isso vai envolver uma mudança profunda na cultura nacional. E como a discussão e o diálogo são essenciais à democracia, vamos lançar aqui um posicionamento polêmico, mas firme, a respeito da legalização da maconha: NÃO, NÃO e NÃO!

Mas, vamos discutir um a um dos pontos principais nessa batalha de idéias que tem sido travada entre as cabeças pensantes do país. Vamos às perguntas, mitos e afirmações que acabam se tornando o ponto de partida de qualquer discussão:

Deveria-se descriminar o usuário para que ele não seja preso?

Descriminar (e não "descriminalizar", por favor), talvez. Afinal, não é correto enfiar numa cela um jovem de 18 anos que estava fumando pela primeira vez. Na mesma cela pode estar um estuprador, um assassino ou algum vereador da Máfia das Regionais de São Paulo (não sei qual dos três é mais perigoso). O jovem poderia estar experimentando maconha apenas por curiosidade e vai sair da cadeia um bandido de verdade, talvez até disposto a se candidatar a vereador e assumir alguma Regional da capital paulista.

Por outro lado, há a questão da demanda de mercado: se não existissem jovens experimentando, não haveria traficantes vendendo. E é esse jovem quem sustenta toda a bandidagem, o narcotráfico, as guerras de traficantes nos morros cariocas e nas periferias paulistanas, além dos incontáveis crimes que ocorrem pelo controle de determinados pontos de venda de drogas.

O jovem de 18 anos de hoje em dia não é ingênuo como o dos anos 30 ou 40. Não pode alegar desconhecimento dos males que a droga traz - inclusive os males sociais. Portanto, ele precisa estar consciente que cada vez que compra um "bagulho" está sustentando, SIM, os criminosos que aterrorizam o país. Então, de uma certa forma, esse jovem não é nenhum INOCENTE nessa história e deve ser responsabilizado pelos seus atos.

Por outro lado, ser enfiado numa cadeia não vai consertá-lo e talvez até o torne um criminoso de fato. É uma discussão longa, mas com desfecho bem mais negociável do que os próximos pontos que vamos abordar.

Se o álcool e o cigarro são legalizados, por que não a maconha?

Simples: já temos problemas de saúde demais com álcool e cigarro para que possamos criar mais esse monstrengo pra saúde brasileira. Legalizar é dar força de lei a alguma coisa e, nem nos piores pesadelos do Ministro da Saúde, vai-se querer ter mais esse malefício devastando a saúde da população. Imagine o que se gasta anualmente por causa de doenças e acidentes causados pelo cigarro e pelo álcool. Agora, some-se a isso as doenças e os acidentes causados pela maconha legalizada. Nem Nostradamus previria tanto caos.

E os impostos que viriam com a legalização da maconha não ajudariam o país? Resposta categórica: NÃO. É exatamente o que ocorre com o cigarro: o que se paga de impostos é infinitamente inferior ao que se gasta nos hospitais com doenças ocasionadas pelo hábito nauseante de fumar. O mesmo vale pra maconha e pro álcool. Nos EUA, esse é o maior argumento dos legisladores antitabagistas.

Além do mais, existe coisa mais degradante do que alguém rindo que nem um palhaço por causa do efeito da maconha? Ou alguém caído na sarjeta, bêbado como um gambá? Ou o bafo horroroso de fumante (e não tem hortelã que dê jeito)?

Maconha não vicia.

Essa é a maior piada e a maior mentira que alguém pode inventar. A ingestão do tetra-hidro-canabinol (alcalóide liberado quando se fuma a Cannabis Sativa) altera a capacidade funcional do cérebro, facilita quadros de pânico e gera diversas reações desagradáveis. Aliando-se isso ao fato de a maconha ser lipossolúvel (solúvel em gordura, fica acumulada no organismo), é fácil perceber que a interrupção do uso pode gerar a síndrome de abstinência. Obviamente, essa síndrome é camuflada pelo fato de as substâncias continuarem agindo sobre o organismo mesmo depois de cessado o uso. Porém, ela pode vir acompanhada de dor de cabeça, taquicardia, agitação, sudorese (suor constante) e náuseas. Quem já viu um usuário aflito por uma tragada, sabe muito bem que estágios adiantados de aflição podem trazer conseqüências funestas.

Tente dizer "maconha não vicia" para a mãe de um garoto de 15 anos que afanou dinheiro da própria genitora pra comprar a erva!

A fissura pela droga aumenta com o tempo e faz o usuário procurar drogas mais fortes, como crack e cocaína, para satisfazer sua síndrome. Portanto, a velha história de que a maconha acaba se tornando uma PONTE para as drogas mais fortes é absolutamente plausível.

Maconha prejudica a memória.

A maconha é obtida das folhas secas da Cannabis Sativa e, quando fumada, libera o tetra-hidro-canabinol, que altera a percepção de tempo/espaço do usuário. Isso deixa a pessoa sensível a sons, imbecilizada (com aquela cara de bobo), rindo à toa. O uso prolongado afeta a memória, prejudica a capacidade de concentração, pois os neurônios estão sendo QUEIMADOS nas enzimas cerebrais.

Muita gente acredita que fica mais criativa ou que tem mais apetite sexual quando fuma maconha. Porém, tudo não passa de fator psicológico, pois a mente do usuário está CONDICIONADA a reagir a um estimulante. Você pode conseguir os mesmos resultados de criatividade ou de desempenho sexual sem o uso da erva. Basta você QUERER.

Maconha causa impotência.

O uso da erva afeta a motilidade (capacidade de locomoção) e até a vitalidade dos espermatozóides. O homem que usa maconha por muito tempo pode ter sua fertilidade bastante prejudicada. Ela também afeta a libido, pois há uma tendência natural de preferir o prazer virtual e embriagante da erva. Em outras palavras: o uso excessivo da maconha não só pode deixar o cara impotente, como também estéril.

E não é apenas o usuário de maconha que pode ficar impotente, o de cigarro comum também. A nicotina aumenta a produção de endotelina, que reduz o calibre dos vasos sangüíneos; automaticamente, também reduz a produção de óxido nítrico, que dilata os vasos e permite que o sangue flua em volume maior; a nicotina também aumenta a produção de colesterol ruim, que contribui para o desenvolvimento de placas de ateroma (que dificultam a entrada de sangue no pênis, prejudicando, por conseguinte, a ereção). Como se não bastasse tudo isso, a presença do monóxido de carbono afeta sensivelmente a vitalidade do músculo do pênis.

Portanto, cara leitora, é bom duvidar das peripécias sexuais contadas por usuários de maconha e fumantes compulsivos. É óbvio que eles não vão admitir pra ninguém que estão dentro do grupo de risco da impotência. Pode não ser hoje, pode não ser amanhã, mas uma hora a casa cai - e não vai levantar com facilidade...

Na Holanda é liberado e é um paraíso.

O governo holandês já tem vários projetos para revogar a liberação da maconha, pois os prejuízos ao turismo foram incalculáveis. As hordas de junkies que invadem a Holanda todos os anos têm trazido grandes prejuízos ao país, uma vez que o turismo tradicional foi muito enfraquecido por causa disso. E junkie só está atrás das drogas, não de turismo.

Além do mais, tente passear nas praças do centro de Amsterdam e vai ver uma cena dantesca de drogados jogados no chão em estado deplorável, muitas vezes fazendo necessidades fisiológicas em público por falta de forças de ir até um banheiro. Dezenas de instituições e ONGs se organizam no país para tirar das ruas a enorme quantidade de usuários que se excedem por causa da facilidade de compra das drogas.

Em outras palavras, a Holanda está-se transformando numa boca-de-fumo gigante e governo e população não estão muito felizes com isso. Pra quem achar essa afirmação um "chute", sugiro entrar em contato com a Câmara do Comércio Holandesa, sediada em São Paulo.

Os efeitos medicinais da maconha.

Quando devidamente monitorados por um médico, o uso de determinadas propriedades da Cannabis Sativa têm comprovados resultados em curas medicinais. Porém, não se iluda, essas propriedades medicinais só são encontradas nas partes da erva que NÃO são alucinógenas. Ou seja, fumar maconha "medicinal" não dá barato, não deixa ninguém doidão. É apenas um remédio como qualquer outro.

Outro mito ridículo: o de que maconha é bom pra asma. Ora, meu amigo, a fumaça da erva agride os brônquios e faz tão mal quanto qualquer cigarro. Aliás, costuma-se dizer que a maconha é menos prejudicial aos pulmões do que o cigarro. Outra bobagem sem sentido nenhum! A maconha contém benzopireno e diversas outras substâncias cancerígenas encontradas no tabaco comum. Em outras palavras: é tão prejudicial quanto o cigarro, sim - tanto para o usuário quanto para o infeliz que está perto, aspirando a fumaça alheia.

O que fazer, então?

Agir nas escolas. É preciso que professores e pais se unam para mostrar de forma clara e científica como a maconha faz mal para a saúde, para as pessoas, para a sociedade, para todo mundo. Não devemos nos iludir com discursos apaixonados, nem de defesa e nem de ataque à maconha. É preciso estudar detalhadamente os fatos.

Se você é um usuário, procure pensar qual o caminho que aquele inocente "bagulho" percorreu até chegar em suas mãos. Pense quantas pessoas foram assassinadas, quanto crimes foram cometidos para que você gastasse seu dinheiro com alguns gramas da erva. Na verdade, você está tragando a vida de pessoas inocentes, está ajudando a tornar a sociedade um lugar cada vez pior para se viver.

DA PRÓXIMA VEZ QUE VOCÊ VER A GUERRA DE TRAFICANTES MATANDO MUITA GENTE INOCENTE NA TV, COM TIROTEIOS E SANGUE POR TODO LADO, PENSE QUE AQUELE CIGARRINHO "INOCENTE" AJUDOU A DERRAMAR CADA GOTA DE SANGUE QUE VOCÊ VÊ NA TELA. Parece tudo tão longe da sua realidade, não é? Bem, pode até estar longe hoje, porém, amanhã pode estar bem perto. E o sangue no asfalto pode ser o seu.

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